Paróquia Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviários
Localizada na Mooca, na divisa com o Brás, bairros operários tradicionais da capital paulista, a Paróquia Nossa Senhora Aparecida é fruto da fé dos trabalhadores da antiga Estrada de Ferro Central do Brasil, no lugar onde também nasceu a União dos Ferroviários Católicos do Brasil.
Há indícios de que a devoção a Nossa Senhora Aparecida por parte dos ferroviários tenha cerca de um século. No entanto, um marco histórico foi o período da revolta paulista de 1924, da qual se desdobrou a Revolução Constitucionalista de 1932. Nessa época, como a ferrovia era o principal meio de transporte, havia muitos ataques e ameaças a essas oficinas.
Por isso, os ferroviários confiaram o seu trabalho à proteção de Nossa Senhora e fizeram uma promessa: se nenhum desastre acontecesse às linhas de ferro e nenhum ferroviário fosse morto ou ferido em serviço em decorrência desses conflitos, seria construída uma capela em honra à Padroeira, nas dependências da oficina.
PROTEÇÃO
Os ataques se intensificaram e vários pontos da cidade foram bombardeados por aviões federais, inclusive os bairros operários. Foi, então, que o telhado de uma das oficinas foi atingido por um artefato bélico que, para surpresa de todos, não explodiu. De igual modo, os conflitos que se sucederam na Revolução de 1932 também não vitimaram nenhum dos operários daquele trecho, fatos que foram considerados sinais da proteção de Nossa Senhora.
Desse modo, os trabalhadores obtiveram a autorização para transformar uma sala da seção de maquinistas em uma capela em honra à Virgem Aparecida. Para adornar o oratório, os ferroviários foram presenteados com uma das primeiras cinco cópias fac-símile da imagem da padroeira feitas no Brasil.
A primeira missa aconteceu no pátio da oficina, em 1º de maio de 1934. A data foi escolhida por ser o Dia dos Trabalhadores e, também, devido à celebração do Dia dos Ferroviários, em 30 de abril. Desde então, todos os anos, os operários das ferrovias e das fábricas do Brás se reuniam para celebrar a data com procissões em honra a Nossa Senhora Aparecida.
Em 1952, o Cardeal Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, então Arcebispo de São Paulo, obteve a aprovação do Papa Pio XII para tornar Nossa Senhora Aparecida a padroeira dos ferroviários.
PARÓQUIA
A comunidade do entorno cresceu e, em 1968, foi construída uma capela maior ao lado da oficina, que hoje pertence à Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). O templo passou a receber missas semanais, além da grande festa de maio. Em 1975, o Cardeal Paulo Evaristo Arns, então Arcebispo de São Paulo, erigiu a Paróquia Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviários, com uma missa por ele presidida em 1º de maio daquele ano.
Com o passar dos anos, a pequena igreja dos ferroviários não comportava o número de fiéis do bairro, que já havia deixado de ser operário. Por isso, em 1998, foi construída uma nova matriz. Assim, a histórica imagem da padroeira foi trasladada para a nova sede, onde pode ser venerada pelos fiéis. Até hoje, além da festa da padroeira, em 12 de outubro, a comunidade comemora a devoção mariana dos ferroviários em 1º de maio. Atualmente, a antiga capela abriga atividades voltadas à juventude, organizadas pelo Arsenal da Esperança, localizado no bairro.